Otites
As otites são afecções comumente diagnosticas na assistência pediátrica e podem ser classificadas em otite externa e otite média.
Otite externa aguda
Inflamação ou infecção do Meato Acústico Externo (MAE) e pavilhão auricular. Pode ser localizada, difusa, fúngica e maligna.
Otite externa aguda localizada:
- Inflamação cutânea do MAE, com obstrução de unidades pilossebáceas, que infectam secundariamente. Pode envolver um folículo sebáceo (furúnculo) ou vários folículos (carbúnculos). A etiologia é geralmente bacteriana, sendo o estafilococo o agente mais comum.
- Quadro clínico: otalgia intensa e adenopatia periauricular.
- Tratamento: limpeza local cuidadosa, seguida de curativo local com creme contendo antibiótico. Deixar o MAE sem nenhuma oclusão. Orientar para evitar entrada de água.
Otite externa aguda difusa
- Inflamação aguda de todo o MAE. A etiologia geralmente é bacteriana (Pseudomonas aeruginosa é a mais comum).
- Quadro clínico: prurido precede a dor, sensação de plenitude na orelha. A dor pode ser bastante intensa e pode apresentar-se com otorreia.
- Otoscopia: eritema e edema da pele, secreção em todo MAE (geralmente purulenta) e obstrução total ou parcial da luz do MAE.
- Diagnóstico: cultura e antibiograma podem ser necessários em casos que não se resolvem em poucos dias. Em suspeita de complicações, colher hemograma e glicemia e, se necessário, exame de imagem (otite externa maligna).
- Tratamento: limpeza cuidadosa do MAE (água oxigenada e soro fisiológico podem ser utilizados, seguido por secagem do MAE). Analgesia e orientação para evitar a entrada de água. Antibioticoterapia, geralmente tópica. Antibioticoterapia sistêmica é indicada em casos com infecção disseminada ao redor do MAE, com celulite auricular ou facial, linfodenite e acometimento do pavilhão
Otite externa micótica ou otomicose
- Inflamação aguda ou crônica causada por fungos. Está associada ao aumento de umidade e calor do MAE e ao uso prévio de tratamento antibacteriano de longa duração. Os agentes etiológicos mais comuns são Aspergillus e Candida.
- Quadro clínico: prurido e otorreia espessa.
- Tratamento: limpeza local, remoção de restos epiteliais acumulados no MAE e secagem total do mesmo – a seguir, uso de agentes acidificantes (ácido acético). Antifúngicos tópicos líquidos (como, por exemplo, nitrato de miconazol ou isoconazol). Evitar entrada de água no MAE.
Otite média aguda (OMA)
Caracteriza-se por um processo inflamatório agudo do revestimento epitelial da orelha média.
Etiologia:
- Bacteriana
- Streptococcus pneumonae: 30%-35%
- Haemophilus influenzae: 20%-25%
- Moraxella catarrhalis: 10%-15% (30% produtoras de betalactamase)
- Outros agentes, como estafilococos: 1%-2%
- Viral: em cerca de 35% dos casos
- Vírus sincicial respiratório
- Influenza
- Parainfluenza 2
- Coxsackie B4
- Enterovírus.
- Quadro clínico:
- Crianças pequenas e lactentes: irritabilidade, inapetência, diarreia, vômitos, febre e otorreia.
- Crianças maiores e adolescentes: otalgia, geralmente unilateral, disacusia, plenitude auricular, febre e otorreia (OMA supurada).
- Tratamento: admissão hospitalar na presença de complicações (otomastoidite aguda ou complicação intracraniana).
- Antibioticoterapia: se não houver melhora em mais 48 a 72 horas, na ausência de suspeita de complicações, deve-se proceder a miringotomia (drenagem cirúrgica). Em caso de complicações, indica-se tomografia computadorizada. Recentemente, discute-se a possibilidade de não iniciar antibioticoterapia para crianças maiores de 2 anos de idade com quadro de OMA não complicada, em bom estado geral. Nesses casos, indica-se apenas analgésicos e antipiréticos com reavaliação da criança após 48 horas. Muitas opiniões diferem a esse respeito, não havendo ainda um consenso sobre essa conduta.
- Complicações das infecções otológicas
- Processos infecciosos provenientes da orelha média podem estender-se para outras regiões do osso temporal (mastoide e petrosa) e crânio (meninges e parênquima cerebral), por continuidade ou via hematogênica.
- Podem ser divididas em mastoidite, abscesso subperiostal, subdural, extradural e cerebral, petrosite, labirintite infecciosa, paralisia facial, meningite e tromboflebite de seio sigmoide.
- Mastoidite aguda: os agentes etiológicos mais frequentes são, nesta ordem: Streptococcus pneumoniae, estreptococo do grupo A, Staphylococcus epidermidis, Haemophilus influenzae e anaeróbios.
- Abscessos intracranianos otogênicos: anaeróbios e gram-negativos.
- Meningite otogênica: prevalecem Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitides.
- Tratamento das complicações
- Clínico:
- Admissão hospitalar.
- Antibioticoterapia parenteral de amplo espectro (para cobrir gram-negativos).
- Cirúrgico
- Clínico:
Autor: Dr. Gilberto Sitchin
Fonte: Baseado no texto do autor no Manual de Urgências e Emergências em Pediatria.
Tratamento
Medicamentos
Você pode recorrer a medicamentos para tratar os sintomas. As opções incluem:- Analgésicos
- Medicamentos para reduzir a febre
- Quedas anestésicas para os ouvidos (analgésicos)