12 de junho – Dia Mundial da Cardiopatia Congênita
Pré-natal: identificar malformação no coração ainda na gestação pode ser decisivo para a vida do bebê
Do tamanho de uma ervilha, pesando mais ou menos 7 gramas, essas são algumas características do bebê ao final de oito semanas de gestação. Nesta fase, começam a se formar os dedos, as mãos, as orelhas e os órgãos internos. E um dos pontos mais surpreendentes deste começo de vida, é que ainda mesmo tão pequenino, o embrião já tem seu coração todo formado.
No entanto, exatamente por essa constituição acontecer precocemente é que problemas no coração do bebê podem ocorrer ainda na barriga da mãe. No Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, celebrado neste 12 de junho, vamos falar sobre essa doença que afeta um a cada cem nascidos vivos no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças nascem todos os anos com alguma malformação cardíaca. Ainda segundo o órgão, 80% delas precisam ser operadas, sendo que, na metade dos casos, a cirurgia precisa ser feita já no primeiro ano de vida.
Fique com a gente para entender mais sobre o assunto, pois muitas crianças nem sequer chegam a receber o tratamento e intervenções necessários pela falta de diagnóstico. Infelizmente, a cardiopatia congênita é a principal causa de morte do bebê no período após a 28º semana de gestação e final da primeira semana de vida do recém nascido – chamada de mortalidade perinatal – nos casos de doenças apresentadas ainda na fase embrionária. No texto de hoje, vamos falar como identificar precocemente essa questão para que se possa oferecer aos pequenos o suporte necessário em tempo oportuno. Acompanhe na leitura abaixo!
Afinal, o que é cardiopatia congênita?
Antes de falarmos de como pode ser feito o diagnóstico, é necessário entender no que consiste este problema. A cardiopatia congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge quando o órgão está sendo formado, o que ocorre durante as primeiras 8 semanas de gestação.
O Dr. Gustavo Fávaro, cardiologista e chefe do Departamento de Ecocardiografia Pediátrica e Fetal do Sabará, avalia o motivo das alterações não serem raras: “Erros acontecem com mais frequência por ser um órgão tão complexo e que é formado tão precocemente. Por isso, a malformação congênita de coração é a mais comum entre todos os órgãos, e é a mais grave”.
O termo congênito refere-se a alguma particularidade ou característica que já nasce com a pessoa. Dessa forma, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como uma malformação congênita todo o defeito que seja funcional ou estrutural no desenvolvimento do feto. Mesmo que a alteração não seja aparente ou, ainda que, os sintomas clínicos se apresentem apenas mais tarde.
E essa forma abrangente é o que faz da cardiopatia congênita uma questão de saúde para ser vista de forma plural. Sobre isso, o Dr. Fávaro destaca que não é possível enquadrar suas diversas manifestações a uma única definição: “Existem dezenas, centenas de cardiopatias congênitas e infinitas variações. A gente sempre vê algo que nunca viu, nunca leu ou até que não achamos na literatura médica, porque o coração realmente é muito desafiador e suas malformações podem ser bem complexas. Nesse sentido, um coração normal é realmente um milagre.”
Cardiopatias congênitas e suas pluralidades
As malformações podem ocorrer nas câmaras cardíacas, nos grandes vasos, nas válvulas ou em toda a estrutura. Apenas para citar alguns exemplos, um dos defeitos recorrentes é a Comunicação Interventricular. Nesse caso, a criança tem um buraco entre as paredes que separam os ventrículos direito e esquerdo (câmaras que bombeiam o sangue), o que provoca uma ligação inadequada entre essas duas partes do coração, levando a uma sobrecarga de volume de sangue nos pulmões. Os sintomas variam desde um leve cansaço e baixo ganho de peso até desnutrição.
Também há situações em que as anomalias, ao invés de causarem carga excessiva nos pulmões, levam a um quadro de pouco fluxo sanguíneo pulmonar. Entre as alterações que podem desencadear esse problema está a Tetralogia de Fallot, caracterizada por uma combinação de defeitos na anatomia do coração que dificultam a chegada de sangue ao pulmão. Cardiopatias como esta, que afetam a oxigenação sanguínea, podem dar alguns sinais como pele com coloração roxa, falta de ar, desmaios e até convulsões.
Porém, é importante dizer que, assim como as cardiopatias se apresentam de formas variadas, suas consequências também são diversas. Nesse sentido, não existe um padrão de sintomas. Há casos, inclusive, em que as malformações não vão apresentar sinais visíveis e nem interferir na qualidade de vida da criança. Assim como há situações em que os defeitos podem se corrigir naturalmente, como o fechamento do buraquinho entre os ventrículos. Ou ainda, quadros tão graves que, se não atendidos imediatamente após o
nascimento, podem levar à morte do bebê.
Fatores de risco
A cardiopatia congênita pode estar ligada a fatores genéticos, ambientais ou desconhecidos. Entre as condições que estão relacionadas ao maior risco do desenvolvimento do problema, estão doenças maternas como diabetes, rubéola e lúpus, ou ingestão da gestante de algumas medicações, como anticonvulsivantes.
Quanto aos indicativos genéticos, uma das situações que devem ser bem observadas, é o caso de bebês com Síndrome de Down, pois 50% dessas crianças apresentam cardiopatias. Porém, o Dr. Fávaro destaca que todos os pais devem ter atenção à questão: “Há dezenas de fatores de risco para cardiopatia congênita, mas 80% das crianças nascem sem ter um fator de risco que a gente consiga identificar”.
Diagnóstico no pré-natal pode ser decisivo
A gestação é tempo de mudanças, descobertas, aprendizados, mas também de cuidado com a mulher e com o bebê que se desenvolve dentro dela. A gestante deve receber atendimento de saúde durante a gravidez, no parto e pós-parto, seja pela rede privada ou pública – a assistência através do Sistema Único de Saúde (SUS) é um direito garantido a todas as mulheres. E, nesse sentido, a realização do pré-natal é fundamental para que mamãe e bebê tenham uma gestação saudável, recebendo atenção às suas necessidades e com oportunidade de prevenir ou detectar doenças.
No caso das cardiopatias congênitas, o problema pode ser identificado ainda durante a gestação — conheça no nosso canal no Youtube as histórias da Valentina e da Giovana. Na rotina de exames prevista à gestante, está o ultrassom morfológico do segundo trimestre de gravidez. Por meio dessa avaliação, em algumas situações, já é possível verificar se há alguma malformação de órgãos, incluindo o coração.
No entanto, como o ultrassom morfológico é feito por um médico não cardiologista, para excluir com mais segurança o diagnóstico de cardiopatia congênita, pode ser indicado o ecocardiograma fetal. O exame, feito por um cardiologista especializado, possibilita uma melhor visualização do órgão: “O eco fetal é o exame ideal para ver dentro e fora do coração, suas câmaras, valvas e vasos”, ressalta o Dr. Fávaro.
Aqui no Sabará Hospital Infantil o ecocardiograma fetal pode ser feito como exame de rotina ou com indicação por alguma suspeita de alteração cardíaca. O período ideal para a realização da avaliação é por volta de 24 a 30 semanas de gestação, porém pode ser realizado antes em situações de gestantes de alto risco. Para agendar, entre em contato com o telefone (11) 3155-2800. Caso deseje consultar, no nosso site, você pode conferir os planos de saúde atendidos pelo nosso hospital.
Os tratamentos variam de acordo com o tipo de cardiopatia apresentada pela criança. Em algumas situações pode ser administrada alguma medicação ainda na gestação ou realizar alguma cirugia fetal, enquanto em outras, pode ser necessária a antecipação do parto, seguido de cirurgia neonatal. Porém, na maioria dos quadros, a necessidade da realização de intervenções será depois do nascimento, e o diagnóstico fetal será essencial para o melhor prognóstico da criança. Assim, a equipe médica e a família poderão se preparar de acordo com a necessidade da criança.
Diante do diagnóstico de cardiopatia congênita, o que fazer?
O cuidado de crianças cardiopatas exige equipe e infraestrutura preparadas para atender as mais variadas necessidades que esses pacientes possam apresentar. Por isso, o Dr. Fávaro aponta que ao receber o diagnóstico de cardiopatia, os pais devem buscar um atendimento especializado e em centros de referência. “Nesses locais, os profissionais tendem a ver mais casos e ter mais experiência nas situações complexas ou não”, orienta o cardiologista.
No Brasil, há alguns centros de referência no acompanhamento de crianças cardiopatas, e o Sabará Hospital Infantil está entre eles. Por meio do nosso Programa de Cardiopatias Congênitas, temos oferecido atendimento integral aos nossos pacientes, com uma equipe multidisciplinar formada por cardiologistas pediátricos, cirurgiões cardíacos, anestesistas, psicólogos, entre outras especialidades. Além disso, quando é necessário realizar cirurgias, os cuidados pós-operatórios são feitos em UTI com intensivistas pediátricos preparados para o cuidado do paciente cardiopata, assim como nossas equipes de enfermagem e fisioterapia.
Nossos cardiologistas estão disponíveis para atendimento por telemedicina, e os agendamentos podem ser feitos pelo nosso site. Através das teleconsultas, você pode tirar dúvidas com os nossos especialistas ou pedir uma segunda opinião sem sair de casa.
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Centro de Cardiopatia Congênita Infantil
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