Equipe publica artigo em revista internacional
O nutrólogo Dr. Mauro Fisberg e sua equipe publicaram no final de outubro um artigo na Frontiers, uma revista internacional de alto impacto. O artigo trata-se de um estudo realizado no Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto PENSI, da Fundação José Luiz Egydio Setubal, da qual também faz parte o Sabará Hospital Infantil.
O objetivo deste estudo, realizado com 70 pacientes abaixo de 10 anos, foi verificar o atraso no desenvolvimento das habilidades de alimentação (uso de mamadeira após os 24 meses, habilidades para comer sozinho, uso adequado de utensílios às refeições, posicionamento correto às refeições e se a criança apresentou o desenvolvimento esperado para a fase de exploração oral) e a idade na transição de texturas encontrada em crianças com Dificuldades Alimentares.
A maioria (94%) das crianças avaliadas apresentou pelo menos uma habilidade de alimentação com atraso de desenvolvimento (em relação aos padrões esperados para a idade), e 1/3 apresentou atraso em mais de três habilidades. As habilidades com inadequações mais frequentes foram postura às refeições (73,5%), uso prolongado da mamadeira (56,9%) e a falta de autonomia para comer sozinho (37,9%). Além disso, a maioria das crianças come em ambientes inadequados (55,2%) e sem a companhia de adultos da família (78%). Outro dado interessante foi a idade para transição dos alimentos pastosos para sólidos, que ocorreu – em média – aos 16 meses (quando o esperado é aos 12 meses).
Centro de Dificuldades Alimentares
Todas as crianças que procuram o Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto PENSI têm algum tipo de queixa, desde a necessidade simples de uma orientação básica em relação à alimentação até casos graves de seletividade. Lá, recebem atendimento de equipe multidisciplinar, com médicos, nutricionistas, psicólogos e fonoaudiologia.
Dificuldades alimentares são todos os problemas que levam a situações de desconforto de crianças, pais ou cuidadores em relação ao fornecimento, ingestão ou aproveitamento de alimentos.
Todas as crianças que participaram do estudo eram pacientes do Centro, ou seja, tinham alguma dificuldade alimentar. A dificuldade alimentar não necessariamente causa atrasos de crescimento ou peso ou alterações carenciais.
A prevalência de dificuldades alimentares na população está ao redor de 25 a 30%. Quando há atraso no desenvolvimento, a prevalência sobe para mais de 80%. No entanto, quase toda a criança em algum momento de sua vida, terá um tipo de problema na alimentação. Todos precisam de uma orientação adequada por parte dos serviços pediátricos ou especializados, como o Centro de Dificuldades Alimentares.
Além do Dr. Mauro Fisberg, participaram da pesquisa Cláudia C. Ramos, Priscila Maximino, Rachel H. V. Machado, Ana Beatriz Bozzini e Letícia W. Ribeiro. A revista Frontiers em Pediatria e Gastroenterologia é uma das principais publicações internacionais da área e a seção de Dificuldades Alimentares foi aberta com este primeiro artigo do Brasil.