Cuidados com o bebê prematuro ajudam a garantir um desenvolvimento saudável
Quando estão esperando um bebê, mães e pais desejam que tudo saia da maneira mais tranquila possível – que o parto seja tranquilo e que a criança nasça com saúde. Mas nem sempre esse é o caso e, muitas vezes, o nascimento acontece de forma prematura, ou seja, antes do período estimado para uma gestação completa, em torno de 40 semanas.
No Brasil, 11,1% dos partos foram prematuros em 2019, de um total de aproximadamente três milhões, segundo dados do DataSUS. No Estado de São Paulo, a taxa é de 11,2%, ou seja, cerca de 66 mil bebês prematuros por ano. Por conta disso, o governo paulista instituiu, em 2009, a data de 14 de março como o Dia da Atenção ao Cuidado do Bebê Prematuro. E a Sociedade de Pediatria de São Paulo – SPSP promove anualmente a campanha “Março Lilás – Atenção ao Cuidado do Bebê Prematuro”, com o objetivo de “informar e capacitar equipes médicas sobre os cuidados e desafios relacionados aos prematuros não só durante a internação, mas também durante o acompanhamento após a alta hospitalar”.
Segundo a Dra. Caroline Peev, pediatra do Hospital Infantil Sabará, um bebê é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas de gestação. “Os chamados ‘prematuros extremos’ nascem entre 28 e 34 semanas, e os ‘intermediários’ – que constituem a maior parte dos prematuros – nascem entre 28 e 34 semanas”, afirma. Já os ‘prematuros tardios’ nascem entre 34 até 37 semanas.
Essa diferença é importante porque, quanto menor a idade gestacional, maiores são os riscos de problemas, explica a pediatra. “Com o desenvolvimento da medicina e das UTIs pediátricas, a taxa de mortalidade caiu bastante, mas a criança pode nascer com complicações auditivas, como surdez; alterações visuais (retinopatia da prematuridade); e atraso neurológico, por exemplo. Além disso, anemia, deficiências de vitaminas e hérnia inguinal também podem ocorrer. E prematuros que ficaram muito tempo sem oxigênio podem apresentar broncodisplasia pulmonar, que são alterações na função respiratória”, explica.
Há diversos fatores de risco que podem influenciar para que um bebê nasça antes do tempo, como: se a mãe teve um parto prematuro anterior, gravidez múltipla (dois ou mais bebês), uso de drogas, álcool ou medicações inadequadas, além de questões crônicas maternas, como pressão alta, diabetes e problemas de coagulação.
“Também são indicativos de uma possível prematuridade se a mulher apresenta problemas no útero, como miomas e colo do útero curto, e doenças durante a gravidez, como zika e citomegalovírus (CMV)”, acrescenta a Dra. Caroline.
Idade corrigida
Por conta da prematuridade, os pediatras realizam um cálculo chamado de “idade corrigida”, que considera o período faltante para que as 40 semanas de gestação se completassem. Assim, uma criança de 16 semanas que nasceu de 30 semanas deve ter o seu desenvolvimento considerado como sendo de 6 semanas, descontando as 10 que faltaram. Segundo a Dra. Caroline, essa conta é necessária nos primeiros anos de vida pois influencia no comportamento esperado de acordo com a maturidade da criança.
“O nascimento prematuro pode influenciar nos marcos de desenvolvimento da criança, que são o conjunto de habilidades esperadas para uma determinada idade, como rolar, sentar, andar e falar. Então, precisamos considerar a idade corrigida para investigar possíveis atrasos neurológicos caso esses marcos não sejam atingidos”, explica. “Normalmente, esse bebê terá um ‘atraso’ se comparado com outro de idade cronológica semelhante.”
Acompanhamento
Considerando o tempo de gestação e a idade corrigida, o bebê prematuro terá de fazer um acompanhamento diferenciado (veja abaixo) e exames específicos, dentre eles, auditivos, oculares e de sangue, para investigar a anemia e a deficiência de vitaminas. Além disso, o calendário vacinal da criança também é adaptado.
A Dra. Caroline deixa um recado para as famílias: É importante entender que o prematuro terá um desenvolvimento diferente de um bebê que teve uma gestação normal, mas exatamente por isso é tão necessário buscar acompanhamento com o pediatra. “Assim é possível descartar atrasos patológicos e fazer com que a vida seja a mais próxima do esperado.”
Consultas para prematuros
- Primeira consulta – 7 a 10 dias após a alta
- Revisões mensais – Até 6 meses de idade corrigida
- Revisões bimestrais ou trimestrais – 6 meses aos 12 meses de idade corrigida
- Revisões trimestrais – 13-24 meses
- Revisões semestrais – 2 a 4 anos de idade cronológica
- Revisões anuais – dos 4 anos até a puberdade
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