Herpes e Outros Vírus - Infecções Cutâneas - Hospital Sabará
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Herpes e Outros Vírus – Infecções Cutâneas

Trataremos aqui das infecções causadas pelos vírus da família Herpes, que mais comumente provocam consultas de emergência e, eventualmente, internações. Atualmente, existem 8 tipos de vírus integrantes da família Herpes que podem causar doenças em seres humanos.

Muitas das manifestações clínicas das infecções de pele causadas pelos vírus da família Herpes podem se assemelhar, levando a alguma dificuldade diagnóstica. As infecções primárias acometem indivíduos expostos sem anticorpos circulantes, sendo subclínicas ou inaparentes na maioria das vezes.

Gengivoestomatite herpética
É a forma mais comum de apresentação clínica da infecção herpética primária na infância. Geralmente, acomete crianças de até 5 anos de idade, com quadro clínico marcado por febre, irritabilidade, adenopatia cervical e lesões vesiculosas na boca, gengiva, no palato, na língua e nos lábios.

São lesões dolorosas, por vezes ulceradas, acompanhadas de salivação intensa e dor a deglutição.
Os diagnósticos diferenciais incluem Infecção de Vincent, doença mão-pé-boca, estomatite aftosa, eritema polimorfo e Doença de Behçet.

O tratamento visa trazer conforto e alívio da dor, com uso de anestésicos tópicos e hidratação endovenosa, se necessária. Casos mais graves podem necessitar de tratamento antiviral.

Herpes recorrente em crianças
Ocorre em pacientes previamente expostos ao HSV, no qual o vírus permanece latente. A reativação parece ocorrer desencadeada por doenças febris, alterações emocionais, menstruação, trauma local e exposição solar, principalmente.

Diferentemente da primoinfecção, na recorrência, surgem menos lesões, mais agrupadas e sem sintomas constitucionais. As vesículas geralmente surgem nos lábios, região perioral, bochechas ou mento, mas podem acometer qualquer região da face. Após um início de ardor, formigamento ou queimação, as lesões aparecem sobre base inflamatória, durando alguns dias, ate formar pústulas e crostas.

O aparecimento de linfadenopatia cervical é comum durante a infecção e persiste por mais tempo após o fim das lesões.

Herpes genital
Em geral, é associado à infecção pelo HSV-2. Nos pacientes masculinos, ocorre principalmente no prepúcio, na glande e no sulco bálano-prepucial. Em pacientes femininas, as áreas mais afetadas são os lábios vaginais, a vulva, o clitóris e o cérvix. Ocorre o aparecimento de vesículas agrupadas, que evoluem para exulcerações e crostas, cicatrizando sem deixar sequelas. O aparecimento de sintomas constitucionais pode preceder ou acompanhar o quadro cutâneo.

Erupção variceliforme de Kaposi
Forma de infecção pelo vírus HSV que ocorre em pacientes com dermatite atópica. Caracteristicamente, surgem vesículas umbelicadas nas áreas afetadas pela dermatite, associadas ou não a sintomas constitucionais. A prevenção de infecção bacteriana secundária deve ser sempre lembrada.

Herpes simples de inoculação
Surge em local de trauma. Geralmente, o contágio ocorre em esportes de contato (Herpes gladiatorum). Quando surge nos dedos ou na mão, constitui o panarício herpético, que é frequente entre médicos, dentistas e enfermeiros que tiveram contato com secreções infectadas. Caracteriza-se por vesículas no dedo ou na mão, que podem coalescer para formar uma única bolha.

O tratamento das infecções pelos vírus herpes visa a prevenção da transmissão, supressão da recorrência, atenuação do quadro clínico e prevenção das complicações. Os agentes antivirais objetivam modificar o curso clínico da infecção por meio da inibição da replicação viral, já que são incapazes de erradicar a infecção. Quadros de recorrência em indivíduos imunocompetentes devem ser tratados para trazer conforto ao paciente e tentar reduzir o tempo de duração do episódio, por intermédio do uso de antivirais tópicos.

Herpes Zoster
Infecção aguda vesículo-bolhosa que surge em pacientes previamente expostos ao vírus Varicela zoster (da catapora), mais comum em adultos de meia-idade e idosos, sendo incomum em crianças.
Após pródromo de dor, surgem lesões vesículo-bolhosas unilaterias em um dermátomo. Novas lesões surgem nos próximos dois a cinco dias, seguidas por rompimento das mesmas e formação de crostas, com completa resolução em duas a três semanas.

O acometimento do ramo oftálmico do nervo trigêmeo pode levar a manifestações tais como conjuntivite, ceratite ulcerativa, uveíte e iridociclite.

Em pré-adolescentes, a doença costuma ser branda, com neuralgia muito menos frequente do que a encontrada em adultos. Nos raros casos em que ocorre disseminação hematogênica do vírus, deve-se investigar malignidade ou imunodepressão.

O diagnóstico é baseado principalmente no quadro clínico. O tratamento consiste, principalmente, em medidas para controle dos sintomas e de possível infecção secundária, por meio de limpeza local e uso de cremes. Corticoides tópicos podem ser usados nos primeiros dias, para redução do processo inflamatório, concomitantemente ao uso do antibiótico. Quadros muito extensos podem requerer terapia antiviral sistêmica.

Autora: Dra. Márcia Regina Monteiro
Fonte: Baseado no texto da autora no Manual de Urgências e Emergências em Pediatria.
Hospital Infantil Sabará – Ed. Sarvier



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