Nutricionistas são elemento essencial em casos de reabilitação intestinal   - Hospital Sabará
Nutricionistas são elemento essencial em casos de reabilitação intestinal  
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Nutricionistas são elemento essencial em casos de reabilitação intestinal  

Crianças com quadros gastrointestinais complexos precisam de acompanhamento nutricional durante todo o tratamento

 

“As experiências com os alimentos que oferecemos às crianças durante a infância são as que elas levarão para a vida toda”. É desta forma que a nutricionista Ingridy de Melo, membro da equipe do Programa Avançado de Tratamento da Insuficiência Intestinal (PATII) do Sabará Hospital Infantil, define a importância do nutricionista na experiência das crianças internadas.

 

O trabalho do nutricionista começa identificando a condição atual do paciente, por meio de uma avaliação que leva em conta a composição corporal de massa muscular e gordura, peso corporal e estatura para definir o diagnóstico nutricional e traçar um plano de melhorias. A partir das recomendações médicas, os nutricionistas avaliam preferências alimentares, alergias e rejeições, pensando também no lado lúdico da alimentação infantil, que envolve as texturas e cores dos alimentos, além do uso de utensílios coloridos.

 

Em casos de crianças que não conseguem ingerir ou absorver nutrientes, é comum que a equipe responsável estabeleça um regime de jejum e que nutrição e líquidos sejam administrados na veia, a chamada nutrição parenteral. Nestas situações, é essencial que o paciente seja acompanhado por uma equipe especializada, que entenda o caso de forma completa e garanta a evolução do quadro clínico.

“A equipe especializada garante que a criança que se alimente por via oral ou uma via alternativa, como a sonda, tenha um desempenho e uma evolução adequadas do ponto de vista do seu estado nutricional. Os profissionais podem otimizar a terapia nutricional para que tenha uma melhora ou até mesmo a recuperação dos parâmetros nutricionais, como o desempenho de peso corporal, comprimento e massa muscular, e que a criança alcance esses números mesmo com doenças do trato digestivo”, explica a especialista.

No caso de crianças que não precisam da nutrição parenteral, os nutricionistas precisam também cuidar do lado sensorial e lúdico da alimentação. “Para as crianças que ingerem a dieta por via oral e a aceitação muda devido ao quadro clínico ou por estar em um ambiente diferente do habitual, por exemplo, realizamos as adequações necessárias a partir de preferências e aversões dos pacientes, em um trabalho conjunto com os familiares para que as crianças mostrem maior aceitação”.

Enterocolite Necrosante

Uma das condições mais graves ligadas a problemas de saúde intestinal é a enterocolite necrosante (ECN), doença rara que atinge entre 7% e 10% dos bebês nascidos prematuros com menos de 37 semanas. O perigo para essas crianças é alto: nas poucas pesquisas conduzidas sobre a condição, estima-se que mais de 20% dos pacientes não sobrevivem aos primeiros anos de vida.

A enterocolite necrosante é uma lesão na superfície interna do intestino, que pode causar inflamação do abdômen, fezes com sangue e vômito líquido e esverdeado. O tratamento envolve a nutrição parenteral exclusiva e internação acompanhada por equipe especializada, e pode exigir cirurgia para remover o intestino lesionado.

“A enterocolite necrosante é um quadro inflamatório do trato gastrointestinal, que pode ocorrer de forma leve, sendo tratada com cuidados clínicos, até um quadro mais grave, onde pode ser necessário um procedimento cirúrgico para retirada de parte do intestino. Para um bebê que sofre este dano, pode ocorrer prejuízos na absorção de macro e micronutrientes, eletrólitos e água, que são essenciais para o desenvolvimento. Por isso, estes pacientes precisam do acompanhamento com equipe especializada, para otimizar a nutrição a fim de evitar prejuízos no desenvolvimento deste bebê”, explica a nutricionista.

No caso da enterocolite, o diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível. De acordo com a  Dra. Maria Paula Coelho, coordenadora do Programa de Reabilitação Intestinal do Sabará, os pais precisam estar atentos para possíveis sintomas como sangue nas fezes, inchaço do abdômen, abdômen endurecido, temperatura corporal baixa, quedas de pressão e vômito com sangue ou coloração esverdeada. “É uma doença que acomete, em sua maioria, bebês prematuros, mas ainda sim há uma incidência de 10 a 15% em bebês nascidos a termo [no tempo considerado ideal, entre 37 e 41 semanas de gestação]. Então, as famílias precisam ter sempre esse olhar atento para o bebê, porque o fato dele não ser prematuro não garante que isso não vai acontecer”.

O leite materno é essencial para a saúde digestiva

Embora as causas da enterocolite necrosante não sejam totalmente conhecidas, os especialistas concordam que o aleitamento materno pode proteger a criança da doença. Caso a mãe não possa amamentar, é recomendado o uso de bancos de leite.

“O leite materno é o alimento indicado até os seis meses de vida da criança de forma exclusiva, pois nele é encontrado todas as necessidades nutricionais e imunológicas que o bebê precisa. Após os seis meses de vida, e a criança com adequado desenvolvimento neuropsicomotor, é possível realizar a introdução alimentar e dar continuidade ao aleitamento materno, pois os alimentos nesta fase devem ser introduzidos de forma lenta e gradual, e devem complementar o leite materno e não o substituir. A amamentação pode seguir com o passar dos meses, nos intervalos das refeições, visto que neste período o bebê passará por um processo de adaptação ao paladar e novas texturas”, explica Ingridy.

 

 

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