Conheça Kali Gaeta, que superou a disfagia e aprendeu a se alimentar sozinha após terapia fonoaudiológica - Hospital Sabará
Conheça Kali Gaeta, que superou a disfagia e aprendeu a se alimentar sozinha após terapia fonoaudiológica
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Conheça Kali Gaeta, que superou a disfagia e aprendeu a se alimentar sozinha após terapia fonoaudiológica

Entubada durante grande parte da vida, Kali enfrentava dificuldades na deglutição e precisou passar por um longo período de reabilitação

Após nascer prematura com 27 semanas de idade gestacional, a pequena Kali Gaeta enfrentou meses difíceis na UTI neonatal: diagnosticada com broncodisplasia (doença pulmonar crônica) e hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) Kali lutou contra múltiplas infecções e passou grande parte da vida entubada.

Com cinco meses de intubação e sonda, o sonho de Bianca, mãe da pequena, era ver sua filha se alimentando normalmente. “Por causa da sonda, os médicos cogitaram colocar uma gastrostomia, porque acharam que ela não ia conseguir mamar. Mas nos intervalos em que não estava entubada, ela começou a chupar chupeta, e senti uma esperança que ela fosse capaz de manter a deglutição. Tenho esperança, sou mãe, confiava muito nisso”, conta ela, que levou Kali ao Sabará após receber a indicação do trabalho da fonoaudióloga Talita Nishi.

No Sabará, nossa equipe multidisciplinar entendeu melhor a disfagia de Kali, que permaneceu com sequelas na deglutição, entre outras causas, pelo tempo excessivo de intubação. Para que ela conseguisse sugar o leite sem perigo de broncoaspiração, foi preciso um longo trabalho de reabilitação. “Quando tiramos a sonda da boca e colocamos no nariz, vimos que ela era uma criança com reflexos exacerbados, além de ser naturalmente mais cansadinha, então precisava de uma intervenção em tempo encurtado. Iniciamos o trabalho de forma bem simples, apenas molhando a chupeta no leite com algumas gotas de leite, porque o objetivo era que ela tivesse uma boa relação com a experiência necessária para sugar, respirar, engolir e não ter nenhum risco durante esse processo”, explica a fonoaudióloga.

Após dois meses de terapia, a equipe fez o videodeglutograma, exame extremamente importante para o diagnóstico e o tratamento das disfagias “Ele é o padrão ouro para avaliar instrumentalmente a deglutição. A Kali apresentou resultados satisfatórios no exame, o que fortaleceu a ideia de iniciar a ofertar de um leite mais espesso para garantir a segurança da deglutição, como comprovado no exame. Com o passar do tempo, ela foi evoluindo em todos os aspectos do crescimento e desenvolvimento e foi muito lindo ver essa evolução”, elogia.

O tratamento da disfagia não é apenas um treinamento para que a criança consiga engolir. Para a fonoaudióloga Talita Nishi, a diferença do tratamento dentro de uma equipe multidisciplinar como a nossa é a de se preocupar com todo o quadro alimentar da criança. Com o passar do tempo e o tratamento, a Kali conseguiu ganhar uma autonomia de fome e saciedade. Ela chorava antes de chegar a mamadeira , mamava e mostrava quando estava saciada, quando queria mais e quando estava com sono, aquisições muito importantes no processo. Essa evolução é importante, porque comer representa mais do que o ato de engolir. Precisamos entender os sinais do nosso corpo, e ela aprendeu isso muito bem”.

Quando teve alta, Kali saiu do Sabará com 4,4kg, e um mês depois alcançou o peso de 5,3kg. Agora, mãe e filha continuam o tratamento com nossa equipe para o próximo desafio: começar a introdução alimentar. “A equipe do Sabará foi essencial para a vida da Kali, e sigo emocionada com tudo que ela proporcionou para nós”, completa Bianca.

Disfagia pode causar desnutrição e demanda tratamento rápido

A disfagia é um distúrbio da deglutição que dificulta ou inviabiliza o ato de engolir alimentos, líquidos e até mesmo saliva. O quadro pode ser desencadeado por alterações neurológicas, prematuridade, além de outros quadros complexos da primeira infância.

Uma das grandes preocupações nesses casos é que os alimentos podem fazer o percurso errado, indo parar nos pulmões. A entrada de substâncias estranhas nas vias aéreas coloca em risco a saúde pulmonar da criança, podendo levar até à morte. “O pulmão é o lugar de respirar, tem que ter ar, não foi feito para lidar com leite, comida e nem com saliva. O pulmão não consegue expulsar esses resíduos e isso vai se depositando lá, podendo causar infecção.”, explica Denise Lopes Madureira, coordenadora do setor de fonoaudiologia do Sabará.

No Sabará, crianças com complicações provocadas pela disfagia são atendidas por nossa equipe multidisciplinar, com o principal objetivo de evitar casos de desnutrição e priorizando o bem-estar necessário para o desenvolvimento físico, emocional e social desses pacientes. “A desnutrição pode ser causada, em alguns casos, pelo tempo prolongado em se alimentar porque se a criança demora muito tempo para comer, ela gasta muita energia. Por exemplo, se ela demora uma hora e meia para se alimentar, apesar de poder ter comido, ela demorou tanto que essa energia já foi gasta e, então, ela pode ficar com falta de nutrientes. Ou, então, ela come menos do que ela precisaria comer porque ela cansa antes que a refeição se esgote”. Se alguns destes fatos ocorrem com frequência é preciso investigar a causa com equipe especializada em disfagia”, explica a fonoaudióloga.

 

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