Intervenção com aplicativo de smartphone para alívio da ansiedade pré-operatória - Hospital Sabará

Intervenção com aplicativo de smartphone para alívio da ansiedade pré-operatória

Já existem diversas estratégias não farmacológicas (sem o uso de medicamentos) para diminuir a ansiedade das crianças no período pré-operatório, como fornecer informações sobre a anestesia aos familiares, criar um ambiente lúdico, com brincadeiras e máscara sedativa com cheiro gostoso e permitir que os pais entrem no centro cirúrgico com os filhos – todas elas já realizadas no Sabará Hospital Infantil.

Depois de uma tese de Mestrado sobre o impacto do tipo de informação pré-anestésica sobre a ansiedade dos pais e das crianças, a Dra. Debora Cumino, coordenadora do serviço de anestesiologia do Sabará Hospital Infantil, defendeu em 2016 uma tese de Doutorado também sobre a ansiedade, dessa vez fazendo intervenção com aplicativos de smartphone.

A ideia surgiu porque os jogos eletrônicos são parte integrante da cultura de crianças e adolescentes. A brincadeira pode potencializar a capacidade das crianças em sentir-se mais seguras em um ambiente estranho e com pessoas desconhecidas.

A pesquisa

A pesquisa foi conduzida na Santa Casa de São Paulo com 84 crianças entre 4 e 8 anos, divididas em quatro grupos. O objetivo era verificar se a associação de estratégias não farmacológicas, folheto informativo e distração com aplicativo de smartphone, fornecidos aos responsáveis e às crianças respectivamente, é efetiva na prevenção de ansiedade nas crianças no momento da indução anestésica.

Foram avaliadas crianças e seu responsável, divididos em quatro grupos:

  • Grupo Controle: em que o responsável recebeu informação sobre o procedimento anestésico de modo convencional, ou seja, verbalmente um dia antes;
  • Grupo Informativo: em que o responsável recebeu, além da informação verbal, folheto contendo informações sobre o procedimento anestésico um dia antes;
  • Grupo Eletrônico: em que o responsável recebeu informação verbal um dia antes do procedimento anestésico, e a criança recebeu aplicativos de smartphone na sala de espera do centro cirúrgico;
  • Grupo Informativo e eletrônico: em que o responsável recebeu, além da informação verbal, folheto contendo informações sobre o procedimento anestésico um dia antes, e a criança recebeu aplicativos de smartphone na sala de espera do centro cirúrgico.

O estudo iniciou-se na véspera do procedimento cirúrgico, com o fornecimento de informações convencionais sobre a anestesia e a avaliação da ansiedade das crianças. A seguir, os responsáveis dos grupos Informativo e Informativo Eletrônico receberam um folheto informativo sobre anestesia.

Na sala de espera do centro cirúrgico, foi entregue smartphone para as crianças dos grupos Eletrônico e Informativo Eletrônico, e novamente aplicada a escala de ansiedade nas crianças e também nos responsáveis de todos os grupos.

Na sala de operação, as crianças dos grupos Eletrônico e Informativo Eletrônico permaneceram com smartphone e, imediatamente antes da indução anestésica, todas as crianças tiveram sua ansiedade avaliada novamente.

Por último, a ansiedade dos responsáveis foi analisada fora do centro cirúrgico, após acompanharem os pacientes até a sala de operação.

 

Sobre os aplicativos

Foram selecionados seis aplicativos de smartphone pelos pesquisadores de acordo com a faixa etária das crianças envolvidas no estudo: Galinha Pintadinha®, I Go To Farm®, Talking Tom®, Cut the Rope®, Where’s My Water?® e Angry Birds®.

 

Resultados

Tanto a prevalência quanto o nível de ansiedade das crianças foram baixos nos momentos em que estavam no leito e na sala de espera nos quatro grupos estudados. Entretanto, no momento em que as crianças entraram na sala operatória, a prevalência e os níveis de ansiedade foram significativamente maiores nos grupos que não receberam smartphone (Grupo de Controle e Grupo Informativo). Portanto, a estratégia de distração com smartphone foi eficaz em prevenir o aumento da ansiedade das crianças no pré-operatório imediato (na sala de espera) e na indução anestésica (na sala de operação).

Por outro lado, as intervenções não foram efetivas em aliviar a ansiedade dos responsáveis em nenhum dos momentos estudados.

Quanto à satisfação dos responsáveis em relação às informações prestadas, é possível concluir que eles têm interesse em ler informações escritas e acreditam que aumentam seu conhecimento sobre o procedimento anestésico.

Tire suas dúvidas pelo nosso Cuidador Virtual