Adolescente perde 57Kg somente com dieta e exercício
“There is always hope” – sempre há esperança.
A frase estampada na pele de Gustavo Rosa conta um pouco da história dele, que aos 17 anos já perdeu 57 Kg com muito exercício e dieta e sem cirurgia.
Cerca de 5 anos atrás, Edna, mãe de Gustavo, enfrentou uma verdadeira epopeia com o filho adolescente para encontrar um tratamento para a obesidade. Ouviu de tudo, inclusive que ele nunca conseguiria emagrecer e que teria de esperar os 16 anos para realizar uma bariátrica. Testou inúmeros remédios, até ansiolíticos tarja preta. Passou por “todos os psiquiatras de São Paulo”, chorou e se decepcionou até encontrar o caminho das pedras.
Gustavo foi um menino gordinho até cerca de 9 anos, quando uma doença do pai e dificuldades financeiras da família levaram a grandes mudanças em sua vida, e ele começou a comer compulsivamente. Junto ao ganho de peso, vieram comportamentos estranhos como trocar o dia pela noite, passar a madrugada jogando videogame, só querer usar roupa preta e trajes de inverno, mesmo no verão, para não expor o corpo, parar de falar com os amigos e repetir o ano na escola, o que culminou em deixar de frequentá-la por dois anos.
Os pais, desesperados com a situação do filho, que a essa altura já estava obeso, começaram a procurar ajuda. Consultaram médicos, nutrólogos, endocrinologistas, psiquiatras. Com 13 anos, Gustavo tomava antidepressivo.
Encontrando o especialista certo
Ao chegar em casa frustrada depois de mais uma consulta médica sem solução, Edna ligou a televisão e viu uma reportagem sobre um menino de outro estado que veio para São Paulo fazer um tratamento com o Dr. Felipe Lora, pediatra e endocrinologista do Sabará Hospital Infantil. Ela descobriu o que precisava: não apenas um endrocrinologista, mas um que fosse especializado em criança. Além disso, o tratamento que viu na televisão era multidisciplinar, reunindo vários especialistas.
A essa altura, Gustavo tinha 14 anos. “A obesidade é uma doença traiçoeira. Gustavo se olhava no espelho, não gostava do que via e, por tristeza, começava a se alimentar de maneira pior ainda. Ele estava arredio”, lembra a mãe.
“O Gustavo vai emagrecer sim. O negócio dele é exercício para o resto da vida”, foi o que o Dr. Felipe falou na primeira consulta no Centro de Excelência do Sabará. Edna, que estava acostumada a receber receitas de remédios e prenúncio de cirurgia, saiu dali mais confortável. “Percebi que ele ia trazer o Gustavo para a realidade”, conta. “Neste dia de novembro fazia quase 40 graus e ele estava de moletom. Não conseguia se aceitar”, lembra Edna.
O início da academia não foi fácil. Mesmo com o pai indo junto, para estimular o Gustavo, o menino não queria fazer. Aquela cultura de academia e gente sarada por todos os lados o intimidava. Foi então que a família descobriu que uma academia em Santo André recebia atletas paralímpicos às quartas-feiras. Sem os estereótipos de corpos perfeitos ao redor, Gustavo poderia se sentir mais à vontade. Graças ao apoio da academia, que deu um desconto ao saber a história dele, Gustavo começou a treinar às quartas-feiras. Depois também às sextas. E depois todos os dias.
Força de vontade
Cerca de 3 meses depois da primeira consulta, Gustavo já tinha perdido 10 kg. “Hoje ele virou atleta, corre, sempre motivado por perder peso”, conta Edna. Quem orientava o tipo de exercício e a dieta a fazer era o Dr. Felipe e a nutricionista da equipe do Centro de Obesidade do Sabará, Diandra. Segundo a mãe, a dupla o ensinou a ter foco e mostrou que ele era capaz. E não faltou força de vontade. “Durante um ano, ele não comia um pedaço de bolo, um doce. Nem no Natal, mesmo depois de 20 kg perdidos”, lembra Edna.
Para ela, o Dr. Felipe pegou o Gustavo pela emoção. O desafio de emagrecer ganhava nova adrenalina a cada consulta. Era como um jogo, em que o Gustavo precisava passar de fase. O Doutor desafiava o Gustavo a perder 10 Kg, ele se esforçava e perdia 15 Kg. “Vou mostrar para ele que eu consegui”, dizia.
A mãe conta que quando Gustavo iniciou o tratamento tinha triglicérides e colesterol alto e açúcar descompensado, além de ser pré-diabético. Em um ano de tratamento, tudo já tinha voltado ao parâmetro normal. Quando começou a fazer exercício, ele começou a dormir à noite.
No total, Gustavo ficou dois anos sem estudar, dos 13 aos 15 anos. No auge da doença, quando pesava 130 Kg, não queria cortar o cabelo nem comprar roupa. Via os meninos jogando bola e andando de skate e não conseguia dar 10 passos sem ficar cansado. “O mais difícil para mim era que o meu filho estava fora do convívio de crianças da idade dele”, lembra Edna.
“A obesidade é cruel e agride a família inteira. Não é frescura, é uma das piores doenças, judia da mente e do coração”, desabafa Edna.
Hoje, 57 Kg mais magro, Gustavo também faz Cross Fit, está no Ensino Médio e quer ser médico endocrinologista ou nutrólogo.
“Junto com o peso, foi embora a tristeza e a frustração. Não tem mais nada daquele Gustavo. Temos outro Gustavo. Repaginado de mente, foco e determinação”, orgulha-se Edna. Foco e determinação são características da família toda, que nunca perdeu a esperança.