Chega de polêmica: saiba quando realmente é a hora de começar a se despedir das fraldas
O desfralde é um dos momentos mais aguardados pelas mães, pais e todos àqueles que cuidam de crianças. Uma fase que costuma gerar também muita ansiedade, preocupações e dúvidas. E toda essa expectativa dos adultos, quando não bem administrada, pode tornar o processo ainda mais longo e trazer consequências negativas para a saúde física e emocional da criança.
Porém, sabemos também que a pressão social no momento do desfralde é enorme, com comparações e julgamentos que trazem sofrimento aos pais e outros responsáveis. Por isso, no texto de hoje, vamos tratar das principais questões que atravessam esse assunto com informações, dicas e bastante empatia. Puxe uma cadeira e sente aqui pertinho da gente pra bater esse papo!
Tem idade para o desfralde?
Quando o assunto é desfralde, o que não faltam são comentários sobre qual seria o momento correto para a criança deixar as fraldas. Diante disso, nada mais justo do que começarmos desmistificando exatamente esse primeiro ponto que concentra tanta desinformação.
A pediatra e coordenadora da Unidade de Internação do Sabará Hospital Infantil, Renata Mazzotti Zampol, destaca que não há uma idade precisa para o desfralde. “A gente espera que entre dois e três anos a criança manifeste sinais que demonstrem que estão preparadas para o desfralde, mas é perfeitamente normal uma criança desfraldar com dois e outras com três anos. Cada criança é um ser individual, e precisa ser respeitada”, enfatiza a médica.
Fisiologicamente, a partir dos 2 anos de idade, a criança já pode ter controle dos esfíncteres – músculos que fazem a abertura e fechamento dos orifícios da uretra e do ânus. Mas só isso não basta! A criança precisa ter habilidade motora para ir até o banheiro e também apresentar uma certa independência, além de ser capaz de se comunicar e demonstrar sua vontade.
Dessa forma, nossa pediatra chama a atenção que o controle das necessidades fisiológicas é um processo gradual e individual e, por isso, cada criança tem o seu próprio tempo. “Antecipar o desfralde de uma criança que ainda não está preparada pode ocasionar prejuízos físicos e emocionais”, afirma Renata Mazzotti.
Sinais: como perceber o início do amadurecimento da criança
A habilidade para conseguir segurar por um tempo o desejo de evacuar ou urinar está intimamente ligada também à percepção da criança sobre seu próprio corpo. Então, algumas manifestações dos pequenos podem nos ajudar a notar quando eles começam a ganhar essa compreensão. Para te auxiliar, listamos alguns indicativos de quando é possível iniciar a transição para o uso das calcinhas ou cuecas:
- A criança avisa que já fez o xixi ou cocô;
- A criança fala quando está fazendo cocô ou urinando;
- A criança começa a avisar quando sente vontade de fazer xixi ou cocô.
Além disso, a criança precisa já estar em um estágio do seu desenvolvimento que possibilite ter ações que a auxiliem nesse processo, como andar e tirar a própria roupa. Nossa pediatra também dá algumas dicas de como os pais e adultos que acompanham as crianças podem facilitar essa experiência dos pequenos sem as fraldas. “É importante observar o que a criança prefere neste momento de transição. Algumas se sentem mais confortáveis usando o penico, algumas crianças preferem um vaso com redutor e com uma alça para se sentirem seguras. A criança que está com fralda fica numa posição que facilita fazer cocô. Quando ela está no vaso, ela fica com as pernas soltas, então o ideal é sempre colocar um banquinho ou uma escadinha, para apoiar a perna”, orienta Mazzotti.
A médica também recomenda que se fique atento à escolha das roupas: “Paciente que está em desfralde tem que ter roupa confortável e fácil de ser retirada pela criança no momento que desejar ir ao banheiro”, afirma a pediatra.
Desfralde é um processo em etapas
Como todo caminho de aprendizado, deixar as fraldas é também uma experiência na vida da criança que precisa ser vivida com tranquilidade. Quando o pequeno começa a dar alguns sinais, não significa necessariamente que ele já vai se despedir definitivamente das fraldas. Para nós adultos, cabe ter paciência, aproveitando essa fase para reconhecer e celebrar qualquer conquista no desenvolvimento dos pequenos.
Nesse sentido, nossa pediatra ressalta que o desfralde precisa ser visto como um processo, e que cada criança pode vivenciá-lo em diferentes etapas. “Existe diferença entre desfralde de xixi e cocô. Tem criança que desfralda muito bem de xixi e cocô no mesmo momento; algumas crianças desfraldam rapidamente do xixi e tem um ritual pra fazer cocô, pedindo nessa hora para colocar a fralda, e está tudo bem se isso ocorrer. Acelerar esse processo e não compreender algumas necessidades especiais nesse momento pode levar a retenção urinária e de fezes, podendo causar infecções de urina e constipação intestinal”, afirma Renata Mazzotti.
Após a conquista do desfralde diurno, é hora de tentar retirar as fraldas da noite. “O desfralde noturno pode demorar mais tempo para ocorrer e isso é totalmente normal”, afirma Mazzotti.
Assim como o desfralde diurno, o noturno também é individual e esse processo deve ser respeitado, sem pressão, para que ele não ocorra antes do tempo. Acordar vários dias com a fralda seca pode ser um sinal para que a família inicie a retirada das fraldas da noite.
Ainda assim, escapes eventuais de xixi podem ocorrer à noite e são normais. Escapes muito frequentes e após os cinco anos de idade podem ser indicativos de que seja necessário buscar avaliação médica. Um ponto importante é a forma como os pais reagem aos escapes. Se ficam muito frustrados, passam esse sentimento para a criança; o que pode atrapalhar todo o processo.
Aqui no Sabará, nossos especialistas estão disponíveis para atendimentos presenciais, com agendamentos feitos pelo telefone fixo (11) 3155-2800 ou o whatsapp (11) 4935-8830. E também é possível consultá-los por telemedicina, com agendamentos feitos diretamente pelo nosso site.
Consequências do desfralde inadequado
No desenvolvimento da maturidade para o controle do xixi e do cocô não funcionam pressa nem pressão. Mazzotti alerta que acelerar o processo pode trazer consequências tanto físicas como emocionais para os pequenos. “Se esse desfralde foi feito muito rápido; se os pais demonstram nervosismo, brigam com a criança quando ocorrer escapes, essa criança vai sentir insegurança e pode até apresentar alguns problemas de retenção. Ela pode começar a segurar o xixi e ter uma infecção urinária, por exemplo”, pontua a pediatra.
Algumas vezes, a partir de alguns sinais da criança, os pais podem achar que ela já está amadurecida para começar o desfralde. No entanto, quando começam o processo de tirar a fralda, os escapes são muito constantes, e esse momento fica tenso, estressante e cansativo, demonstrando que ela ainda não está preparada. Nestes casos, nossa pediatra, mais uma vez, tranquiliza os pais: “A gente respira e dá um passo pra trás. Põe a fralda e esquece um pouco o assunto. E volta a pensar nisso depois, mais pra frente, quando a criança estiver preparada”.
Outras mudanças de comportamento da criança durante o desfralde também podem indicar que ela ainda precisa de mais tempo para passar pelo processo. Aquele pequeno que já tinha o hábito de fazer cocô todos os dias sem dificuldades e, quando deixou de usar as fraldas, começou a ficar alguns dias sem fazer, pode estar retendo as fezes. Uma situação que pode gerar sofrimento para a criança, causando dores e constipação intestinal. É importante que os pais fiquem atentos a esses sinais e diante de qualquer desconforto, procure o pediatra da criança, que pode auxiliar nesse processo e tranquilizar a família.
Mais respeito à individualidade da criança, menos estresse para todos
Para um desfralde mais tranquilo, junto com a família, todos que se relacionam com a criança devem estar alinhados aos mesmos princípios. Por isso, o desfralde deve ser iniciado quando a criança está pronta, e ocorrer de forma tranquila, em casa, seguindo uma rotina e respeitando aquele momento. “Se a família estiver passando por algum problema emocional, uma mudança de casa, ou até o nascimento de um irmãozinho, às vezes essa etapa pode ser adiada por um tempo, e está tudo bem”, afirma a pediatra Renata Mazzotti.
É importante também ter atenção aos desfraldes coletivos que ocorrem em algumas escolas. Crianças da mesma idade podem estar mais ou menos preparadas para o desfralde, e respeitar a individualidade de cada aluno é de fundamental importância.
Por outro lado, a escola pode ter um papel bem interessante nesse processo, observando a criança em sala de aula e avisando a família se alguns sinais de desfralde começam a aparecer. A convivência com os amigos e a participação nas conquistas que ocorrem no dia a dia por cada aluno podem ser um incentivo nesta etapa.
Aproveite o momento do desfralde para curtir mais uma etapa do desenvolvimento da criança que está próxima de você e para fortalecer os laços de confiança e afeto.
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