Criança realiza cirurgia na cabeça acordada
Pedro Henrique teve a primeira convulsão aos três anos de idade. No início, a mãe, Priscila, achou que fosse até brincadeira de criança. “Eu achava que era gracinha dele. Ele era muito bebezinho e não conseguia se expressar, achei que se jogava no chão”, lembra a mãe.
Conforme as convulsões ficaram frequentes e o Pedro Henrique passou a ter algumas regressões para andar e falar, a família procurou ajuda médica. O pequeno teve sua primeira internação e recebeu o diagnóstico: epilepsia. Foi um susto para os pais, que não tinham nenhum caso na família.
Pedro Henrique foi devidamente medicado, mas seu problema não parecia melhorar muito. Era uma epilepsia de difícil controle, caso em que as convulsões não cessam com a medicação. Depois de passar por diversos médicos, foi feita uma Ressonância Magnética e identificada uma má-formação no cérebro do Pedro Henrique, que estava causando essas convulsões.
Foi numa pesquisa na internet que Priscila encontrou a Dra. Giana Kuhn e foi consultá-la no Centro de Excelência do Sabará. Pela primeira vez, foi aberta a possibilidade de Pedro Henrique, que tem 13 anos, realizar uma cirurgia para curar o seu problema.
Segundo o neurocirurgião Dr. Carlo Petitto, que fez a cirurgia em Pedro Henrique no dia 13 de fevereiro no Sabará, esta é uma malformação rara e estava localizada no meio da área de linguagem do cérebro. “Empurrar ou encostar nela poderia causar uma sequela definitiva para falar ou não entender o que está sendo falado”, conta o Dr. Carlo. Por isso, a cirurgia foi feita com Pedro Henrique acordado.
Cirurgia com paciente acordado
No consultório, antes da cirurgia, a equipe mapeou através de exames as áreas “perigosas” do cérebro de Pedro Henrique. Toda a investigação necessária foi feita, para que a cirurgia fosse realizada da maneira mais segura possível.
A equipe médica pôde realizar perguntas e certificar-se de não causar um dano de linguagem durante a cirurgia. Pedro conversou, fez cálculos e movimentou membros enquanto o Dr. Carlo retirava aquele “pedacinho” com malformação de seu cérebro. Além disso, o paciente acordado teve algumas convulsões durante a cirurgia, que eram importantes para que o eletrodo mapeasse a área de convulsão e, assim, a cirurgia fosse bem assertiva. Uma anestesia geral têm como efeito anular as convulsões. “O fato de fazer essa cirurgia com o Pedro Henrique acordado deixou o procedimento muito mais preciso”, explica o médico.
O objetivo da cirurgia é que cure definitivamente Pedro Henrique, para que não tenha mais convulsões e não precise mais fazer o uso de remédios.
Meu filho tem epilepsia, pode fazer a cirurgia?
Nem todos os casos de epilepsia podem ser resolvidos com cirurgia. É importante a criança passar por um neuropediatra para fazer o diagnóstico e para que ele ofereça as possibilidades de tratamento. Se for o caso, ele encaminhará para um neurocirurgião.
No Sabará Hospital Infantil temos um Núcleo de Epilepsia com especialistas experientes no tratamento de crianças, Centro de Diagnósticos com os exames necessários e Centro Cirúrgico capacitado para a realização de neurocirurgias.