Diagnóstico multidisciplinar e intervenção precoce são essenciais em crianças com atresia de esôfago
A malformação gastrointestinal também exige atenção para possíveis doenças associadas
Uma das malformações do trato gastrointestinal mais frequente em bebês, a atresia de esôfago é um diagnóstico complexo que precisa de atenção logo após o nascimento.
O recém-nascido com atresia de esôfago é incapaz de se alimentar pela via oral devido ao fechamento do esôfago, o que exige intervenção cirúrgica logo após o nascimento. O tratamento depende da complexidade do caso, mas todos os bebês precisarão de intervenção cirúrgica.
“Por ser um diagnóstico que pode vir acompanhado de outras malformações, é essencial que o cuidado comece ainda intraútero. Começamos a ter a suspeita a partir de ultrassons e exames de rotina da gestante, e uma equipe de medicina fetal como a do Sabará pode ajudar que essa criança receba a atenção correta logo após o nascimento”, explica a Dra. Giselle Machado, cirurgiã pediátrica do Sabará e especialista na condição.
Cuidado multidisciplinar é essencial para evitar evolução de doenças associadas
Além de nascerem com o esôfago bloqueado, essas crianças têm alto risco de apresentarem outras malformações. No Sabará, a investigação e tratamento multidisciplinar das doenças associadas é prioridade, evitando que a criança tenha problemas a longo prazo.
Uma das principais doenças associadas a esse diagnóstico é a traqueomalácia, uma malformação da traquéia. “Entre 70% a 80% das crianças com atresia de esôfago apresenta traqueomalácia. O ideal é que toda criança com atresia tenha a via aérea avaliada após o nascimento. Quando isso não acontece e a correção não é feita de forma precoce, é comum o paciente apresentar falha na extubação, estridor, infecções respiratórias de repetição, cianose e até mesmo dependência de oxigênio”, analisa a Dra. Caroline Gargioni Barreto, cirurgiã pediátrica da equipe de Via Aérea do Sabará.
Quando a traqueomalácia é diagnosticada de forma precoce, a equipe multidisciplinar consegue melhorar a qualidade de vida da criança e até mesmo diminuir a quantidade de cirurgias. “Nem toda traqueomalácia será cirúrgica ou vai se resolver na primeira cirurgia, mas diagnosticar a malformação logo após o nascimento evita que a criança fique sempre doente e tenha sequelas evitáveis”, completa a especialista.
Pneumonias frequentes, asma, bronquite e problemas respiratórios constantes são sinais de alerta, e devem ser analisados de forma cuidadosa. “Existe outra malformação da via aérea associada com a atresia de esôfago, chamada de fenda laríngea ou cleft laríngeo, que raramente é diagnosticada se a criança não for avaliada por uma equipe de via aérea que esteja atenta para diagnosticar estas malformações aerodigestivas. Isso significa que toda criança que é diagnosticada com atresia de esôfago, deve ser também avaliada a via aérea”, completa a Dra. Saramira Bohadana, coordenadora do programa Aerodigestivo o Sabará.
Diagnóstico de atresia de esôfago e doenças associadas requer acompanhamento médico a longo prazo e atenção de múltiplos profissionais
Além da atenção da equipe cirúrgica e outras especialidades como cardiologia e aerodigestivo, crianças com atresia de esôfago precisam do acompanhamento de outros profissionais que ajudam a evitar possíveis atrasos de desenvolvimento.
“O diferencial do Sabará é ter uma equipe multi que ajuda não só no diagnóstico como no tratamento. A criança tem acesso a uma fisioterapeuta, um fonoaudiólogo, e tudo isso dentro do universo da pediatria. Esse tipo de abordagem contribui para o sucesso do tratamento”, explica a Dra. Giselle Machado.
Após a correção cirúrgica, o tratamento continua. “Esse é outro problema que vemos em hospitais fora do Sabará: a criança com atresia é corrigida cirurgicamente, mas observamos frequentes interrupções no seguimento apropriado destas crianças. É comum que esse diagnóstico apresente complicações a curto e longo prazo, então é necessário ficar de olho. Consultas e exames regulares fazem parte do tratamento”, completa.