Diagnóstico precoce é essencial no diagnóstico de cardiopatias congênitas
O diagnóstico precoce é essencial quando falamos de cardiopatias congênitas. Cerca de 30 mil crianças nascem todos os anos com anormalidades no coração e grande parte desses bebês precisará de cirurgia antes de completar um ano de vida. As cardiopatias congênitas estão entre as principais causas de mortalidade infantil no mundo e o diagnóstico ainda em vida fetal pode salvar muitas vidas.
A cardiopatia congênita é diagnosticada precocemente por meio do ecocardiograma fetal, que consegue identificar alterações a partir de 18 semanas de gestação, com tempo ideal entre 24 e 30 semanas de gestação. Como o coração é um órgão extremamente complexo, o diagnóstico preventivo ajuda a equipe médica a saber quais serão os tratamentos possíveis e as preparações necessárias para as horas cruciais após o nascimento da criança.
No Sabará Hospital Infantil, o cuidado de crianças cardiopatas é coordenado pelo Programa de Cardiologia Fetal, que acompanha esses pequenos desde a gravidez da mãe.
“Por sermos um hospital 100% pediátrico, temos muitas vantagens na hora de cuidar desses pacientes, como poder fazer um diagnóstico efetivo ainda no pré-natal e já orientar toda a equipe sobre como será o nascimento dessa criança. Depois do nascimento, ter uma equipe organizada ajuda que todos os procedimentos sejam feitos de forma rápida e sem atraso, o que é essencial no caso de cardiopatias congênitas. Costumo falar que fazemos um processo de aconselhamento familiar e tratamento do bebê de forma eficiente e elegante, promovendo o melhor prognóstico. Nesse sentido, fica evidente a ajuda que uma medicina de alto nível e em equipe multidisciplinar pode fazer, mesmo nos mais complexos e desafiadores dos casos”, explica o Dr. Gustavo Fávaro, cardiologista e chefe do Departamento de Ecocardiografia Pediátrica e Fetal do Sabará.
Todas as crianças cardiopatas precisam de cirurgia?
No centro de cardiologia, quando a gestante chega para uma primeira avaliação, a equipe do Sabará faz um ecocardiograma fetal, que mostrará quais são as particularidades da estrutura do coração do bebê.
De acordo com o Dr. Gustavo Fávaro, o exame é indolor e deve ser feito em todo pré-natal. “O ecocardiograma fetal é um exame não invasivo feito pelo cardiologista pediátrico com especialização em ecocardiografia fetal. É um exame com aparelho de ultrassom, com gel quente no abdômen materno e no qual avaliamos toda a formação do coração. Quase 1% da população tem alguma alteração congênita do coração, e grande parte não é identificada pelo ultrassom morfológico, sendo aconselhável realizar o ecocardiograma fetal para segurança e prevenção.”
Nem todos os bebês precisam de cirurgia após o nascimento. Os cuidados dependem da cardiopatia, e o bebê precisa ser avaliado por uma equipe multidisciplinar para decidir se o tratamento será cirúrgico, medicamentoso ou mesmo expectante, aguardando a hora certa para intervir.
“Alguns bebês precisam de cirurgia ainda antes de nascer, já que existem algumas cardiopatias fetais que são ativas, ou seja, o feto não está bem já dentro do útero. Nesses casos, às vezes é necessário realizar uma intervenção fetal. Esse tipo de cirurgia fetal não corrige a cardiopatia, mas é usada para garantir que a criança consiga evoluir até mais próximo do termo da gestação e tenha, assim, mais tempo para desenvolver seus pulmões”, explica o especialista.
Além da cirurgia fetal ou neonatal (logo após o nascimento), a equipe do Sabará também trabalha com tratamentos medicamentosos para ajudar o recém-nascido, como no caso de crianças que precisam manter o canal arterial aberto. “O canal arterial é como um caninho que todo bebê tem dentro da barriga. Quando a criança nasce e começa a respirar por conta própria, o pulmão produz substâncias que fecham esse canal, mas isso pode ser perigoso para crianças cardiopatas. Nesses casos, quando a criança nasce, já damos remédios para que esse caninho permaneça aberto e tenhamos tempo hábil para programar a cirurgia”, explica o cardiologista.
Frequentemente, os recém-nascidos precisam de ventilação mecânica para ajudar a respiração, já que muitas crianças cardiopatas têm pouco fluxo pulmonar ou insuficiência cardíaca congestiva.
Todo o aconselhamento e o seguimento clínico ou cirúrgico em cardiologia pediátrica é extremamente individualizado.
O que muda na cardiopatia após o nascimento do bebê?
Após o diagnóstico pré-natal e o acompanhamento durante a gestação, o trabalho da equipe multidisciplinar se intensifica com o nascimento da criança. “Imediatamente ou após as primeiras horas depois do nascimento é necessário que o bebê faça um ecocardiograma para reavaliação da anatomia e função das estruturas do coração, assim teremos os dados necessários para programar com as equipes a necessidade de tratamentos e exames complementares.”
Casos de cirurgia fetal são exceções: em grande parte das cardiopatias congênitas, a criança precisa passar por uma cirurgia apenas após o nascimento. “Na maioria das cardiopatias graves e complexas, o bebê está bem dentro do útero. Veremos suas manifestações e, muitas vezes, a grave e rápida descompensação acontecerá apenas após o nascimento, quando não há mais a placenta para nutrir e oxigenar adequadamente o bebê. Por isso, faz toda a diferença uma equipe preparada para agir rapidamente”, completa.
Por que o Sabará tem uma equipe multidisciplinar desde a vida fetal?
No Sabará, o tratamento de crianças complexas é feito sempre por uma equipe formada por especialistas médicos de diferentes áreas, o que garante que o paciente seja visto além da doença. No caso da cardiologia, a equipe precisa analisar todos os órgãos que podem ser afetados pelas questões do coração.
“Na terapia fetal temos um fetólogo, médico obstetra especialista em ver todos os órgãos, avaliar o rim, o cérebro, o pulmão e todas as malformações congênitas para saber se existe necessidade de operações ou algum tipo de intervenção extra cardíaca”, explica o Dr. Gustavo Fávaro. Além disso, a gestante também recebe acompanhamento da enfermagem, psicólogos, equipe de neonatologia e qualquer outra área de que a criança possa precisar.