Equipe multidisciplinar e cuidados paliativos são diferenciais da ala de oncologia do Sabará

O câncer é uma doença relativamente rara na infância e adolescência, mas que precisa de atenção precoce e tratamento multidisciplinar para aumentar as chances de cura. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados, caso do Sabará.

“Aqui no hospital temos uma enfermaria dedicada exclusivamente à oncologia, um diferencial extremamente importante. Nossa equipe trabalha só com isso, facilitando a identificação de intercorrências clínicas e a administração de tratamentos quimioterápicos. Pacientes oncológicos também não devem ser internados ao lado de outras crianças para minimizar a transmissão de doenças respiratórias e infecciosas, e conseguimos fazer isso muito bem”, explica a Dra. Mariana Belém, oncopediatra do Sabará.

Outro diferencial é o acompanhamento da equipe de cuidados paliativos, que ajuda no tratamento da dor e traz conforto para o paciente e sua família. “Embora o cuidado paliativo ainda seja visto como algo que existe apenas no fim da vida, ele é essencial no tratamento do câncer pediátrico e ajuda a criança a se recuperar e se curar. A equipe de cuidados paliativos faz um acompanhamento integral, tanto na parte clínica quanto nas questões familiares, aliviando sintomas, conversando com os familiares e oferecendo acolhimento”, completa a especialista.

O tratamento contra o câncer é agressivo e pode apresentar muitos efeitos colaterais, e é essencial para a qualidade de vida do paciente que exista uma equipe voltada exclusivamente para o bem-estar. “Sabemos que o tratamento é difícil, com muita náusea, vômitos e outros efeitos colaterais, e a equipe de cuidados paliativos é especializada em pensar em medicações diferentes e outras alternativas que podem ajudar a criança a sofrer menos”, explica a médica.

Equipe multidisciplinar é essencial no diagnóstico precoce e tratamento bem-sucedido

O que define as chances de cura e as possibilidades de tratamento para cada câncer é o diagnóstico precoce, logo no início dos sintomas. O grande problema é a falta de especificidade dos sintomas, que podem fazer com que o câncer seja confundido com condições comuns da infância. Manifestações como febre, gânglios inchados, palidez, manchas roxas, dor de barriga e dor de cabeça nem sempre apontam para o câncer, mas a presença de uma equipe especializada pode ajudar a entender quando a condição precisa de uma investigação séria.

“Ter uma equipe que esteja acostumada a pensar sobre sintomas gerais faz toda a diferença. Precisa ser muito especializado para ver uma criança no Pronto-Socorro e pensar que pode ser um caso de câncer. Esse é um diferencial do Sabará, a possibilidade de perceber esses casos antes mesmo da própria família imaginar”, analisa a médica.

Quando o diagnóstico já foi feito e o tratamento começa, a presença de uma equipe multidisciplinar é essencial para cuidar da criança de forma integrada. Para a Dra. Mariana Belém, olhar para a criança além do câncer é uma forma de garantir um prognóstico melhor.

“O fato de termos todas as especialidades ajudam nas comorbidades associadas ao tumor, melhorando as chances de cura. Um paciente que tem um tumor no sistema nervoso central precisa de um atendimento amplo, com suporte oftalmológico, endócrino, neuro, cirurgião… isso muda toda a rotina do cuidado”.

Profissionais do Child Life Specialist trazem humanização para o cotidiano da ala de oncologia

O Child Life Specialist é um especialista em desenvolvimento infantil que atua em hospitais como parte da equipe multiprofissional que atende crianças e adolescentes. É um profissional que desempenha um papel crucial para diminuir o nível de estresse, medo e ansiedade durante a hospitalização.

São profissionais que oferecem atividades que possibilitam a autoexpressão, promovem distração e suporte durante procedimentos para minimização do estresse, e oferecem explicações sobre exames, diagnósticos, procedimentos e tratamentos médicos de maneira acessível e adaptada à idade, o que facilita a adaptação da criança às mudanças corporais, como a perda de cabelo, por exemplo, em decorrência do tratamento. Essa abordagem pode não apenas reduzir o medo, a ansiedade e o estresse, mas também promover a participação ativa e o protagonismo dos pacientes e suas famílias nos cuidados de saúde, contribuindo significativamente para uma experiência mais positiva e confortável no ambiente hospitalar.

Na oncologia, a presença desses Cuidadores é ainda mais importante, apostando em brincadeiras lúdicas para trazer normalidade em meio a tratamentos longos e complexos. “A equipe do Child Life facilita demais o cotidiano das crianças. Elas fazem brincadeiras na hora de fazer curativos, contam histórias sobre a quimioterapia, fazendo com que esse período seja menos sofrido e possibilitando que as crianças entendam melhor o que está acontecendo. Tenho pacientes que brincam de fazer curativos em seus bonecos, que simulam consultas e até tratamentos com seus brinquedos, então é possível observar que as crianças são capazes de ir compreendendo tudo que acontece e ir, aos poucos, perdendo o medo. Não é em todo lugar que temos um hospital pediátrico que se preocupa em tornar a internação menos sofrida”, completa a Dra. Mariana Belém Netto.