Grupo da Traqueia cria padrão de atendimento multidisciplinar para malformações aéreas
Criado em 2022 no Sabará, o programa une os profissionais de Cardiologia, Aerodigestivo e Medicina Fetal e Neonatal
Uma parceria entre nossos programas de Cardiologia, Aerodigestivo e Medicina Fetal e Neonatal, o Grupo da Traqueia nasceu em 2022 para conscientizar pneumologistas, pediatras e cardiologistas da importância de olhar para a traqueia em casos de cardiopatia congênita.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças por ano são diagnosticadas com algum tipo de cardiopatia congênita e a condição está entre as malformações que mais matam na infância. Essas crianças também apresentam maior risco para malformações na traqueia e um olhar multidisciplinar pode facilitar ambos os diagnósticos, diminuir o risco de múltiplas cirurgias e evitar problemas respiratórios crônicos ao longo da vida.
“O trabalho do Grupo da Traqueia é importante porque o diagnóstico de malformações traqueais costuma ser complexo. Não é normal, por exemplo, que uma criança que sempre tenha uma gripe evolua para um quadro de pneumonia. Caso o pediatra seja informado, é possível investigar o mais cedo possível e diagnosticar quadros como a estenose de traqueia, que poderia ter sido vista antes mesmo do nascimento caso a criança fosse atendida por um centro multidisciplinar“, explica a Dra. Saramira Bohadana, coordenadora do Programa Aerodigestivo do Sabará.
Na hora de diagnosticar uma possível má formação traqueal, uma equipe formada por médicos de diferentes especialidades é capaz de entender quais sintomas podem apontar para um quadro complexo. Entre eles estão infecções recorrentes de via aérea, internações frequentes por quadros respiratórios não definidos, disfagia e broncoaspiração salivar, pneumopatia crônica, refluxo gastroesofágico, desnutrição, obstrução respiratória e estridor (som ofegante durante inalação).
O Grupo da Traqueia reúne Anestesistas Pediátricos, Cirurgiões, Otorrinolaringologistas, Cirurgiões Pediátricos, Cirurgiões Torácicos, Broncoscopistas, Pediatras Intensivistas, especialistas em ECMO e profissionais da Medicina Fetal e Neonatal. A partir de exames como nasolaringoscopia flexível, broncoscopia, broncografia com visipaque e ecocardiograma, é possível diagnosticar de forma precoce quadros graves de cardiopatias associadas a malformações aéreas.
“A mortalidade nesse tipo de combinação é alta, e um grupo como o nosso garante que o diagnóstico será feito de forma precoce, muitas vezes até antes do nascimento. A partir de exames precisos e da ação conjunta do time, casos graves passam a ter prognósticos positivos, mudando o futuro de muitas crianças”, completa a especialista.
Para a médica, é essencial que crianças com cardiopatias congênitas sejam acompanhadas de perto, já que a incidência de malformações aéreas nesses pacientes é maior do que em outros grupos. “Acontece, por exemplo, da criança com cardiopatia congênita passar por um ecocardiograma detalhado e os médicos verem que ela possui um anel vascular que envolve a traqueia, dificultando ou impossibilitando a respiração. Esses anéis costumam vir com malformações de traqueia e um diagnóstico conjunto evita que a criança permaneça muito tempo sem a correção cirúrgica necessária”.