Nova onda de covid-19: infectologista reforça necessidade de esquema vacinal completo e uso de máscaras - Hospital Sabará
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Nova onda de covid-19: infectologista reforça necessidade de esquema vacinal completo e uso de máscaras
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Nova onda de covid-19: infectologista reforça necessidade de esquema vacinal completo e uso de máscaras

Após uma baixa de casos pela eficácia do esquema vacinal, a covid-19 retornou em todo o país, especialmente em capitais populosas como São Paulo e Rio de Janeiro. Além do aumento súbito nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o número de hospitalizações de crianças com menos de 5 anos também acendeu um alerta sobre a importância de reforçar a vacinação e retomar o uso de máscaras, especialmente em locais fechados.

 

A nova onda mostra ainda mais a capacidade das novas variantes de escaparem de esquemas vacinais incompletos, o que é extremamente preocupante, considerando que cerca de 69 milhões de brasileiros não tomaram sequer a primeira dose de reforço da vacina, de acordo com o Ministério da Saúde. O atraso é ainda maior em relação às crianças, principalmente entre 3 e 4 anos, das quais apenas 5,5% tomaram duas doses de vacina.

 

A época do ano também trouxe um aumento em outros vírus, especialmente entre a população infantil. O Pronto Socorro do Sabará Hospital Infantil está lotado com casos não só de covid-19 como de influenza, e o vírus sincicial respiratório (VSR), infecção comum em bebês que pode causar bronquiolite e pneumonia. Para tirar as principais dúvidas sobre o assunto, entrevistamos o Dr. Francisco Ivanildo, infectologista e gerente médico do Sabará.

 

Como saber se a criança está com influenza, VSR ou covid?

 

Clinicamente, é difícil diferenciar qual dos três vírus está causando a infecção, já que todos eles podem trazer quadros respiratórios. O VSR em crianças, especialmente abaixo dos dois anos, pode causar um quadro de bronquiolite, com chiado, muita secreção, mas outros vírus podem causar isso também. Uma criança que chega com dor de garganta, coriza, tosse, febre, ou uma criança menor que está prostrada, com secreção ou febre, às vezes com desconforto respiratório, ambas podem apresentar qualquer um dos três vírus.

 

O que nos ajuda hoje, é saber que estamos passando por um pico da covid-19. Então se uma criança aparecer aqui no PS do Sabará com febre e quadro respiratório, vou pensar muito mais em covid do que em influenza. Quando uma criança é atendida, podemos fazer um exame capaz de investigar 18 vírus que causam quadro respiratório.

 

Quando a criança precisa ir para o hospital? Se os sintomas forem brandos, é melhor evitar que a criança vá ao PS e possivelmente se contamine?

 

Independentemente dos surtos de covid e influenza, essa preocupação de só levar a criança para o PS em casos específicos deve existir durante o ano todo. Apesar de todo o cuidado que os hospitais têm para reduzir a transmissão de infecção, especialmente após o início da pandemia, crianças que compartilham um espaço comum podem acabar se contaminando acidentalmente.

 

A criança não precisa ser trazida ao PS na primeira manifestação de tosse ou febre. Para as crianças menores de um ano, é importante observar o estado geral: se ela está ativa, se ela está mamando, se alimentando, ingerindo líquidos. Também é válido observar se quando a febre passa, ela volta a brincar normalmente, o que é um bom sinal.

 

Outro sinal de alerta é quando a criança está mole, sonolenta, com dificuldade de acordar, ou o outro extremo, que é não conseguir dormir e não parar de chorar. Também vale ficar de olho em crianças que mamam no peito, que podem ficar com o nariz muito obstruído e deixarem de se alimentar.

 

Desconforto respiratório também é um sinal, quando a criança faz força para respirar. A musculatura acima do pescocinho, entre o pescoço e a clavícula, assim como a musculatura entre as costelas se retrai, e a velocidade da respiração aumenta. Essa criança precisa ir imediatamente para o PS.

 

Em casos de febre, ela começa a ser preocupante quando dura cerca de três dias ou mais, especialmente ao não ceder com o uso de antitérmicos. Se a criança tiver um quadro de febre que sumiu e depois voltou, também vale avaliar, já que pode ser um quadro viral que se complicou com infecção bacteriana.

 

– Qual dia de sintomas é o certo para testar as crianças contra a covid?

 

A partir do segundo dia de sintomas. O teste rápido pode ser realizado, pois ele fornece a resposta de imediato, mas tem menor capacidade de detectar uma infecção assintomática ou com poucos sintomas respiratórios. Caso exista indicação de investigar infecção em paciente assintomático, o melhor teste é o molecular (PCR), que é mais sensível.

 

– Devemos voltar a usar máscaras?

 

Sem dúvida nenhuma. Muitas escolas e creches já começaram a usar, e precisamos agir rapidamente para interromper a transmissão. Todos já perceberam que há pelo menos duas semanas o número de casos de covid cresceu muito. Então temos que entender que algumas medidas precisam ser retomadas. O uso de máscaras protege pessoas de maior risco, como imunodeficientes, idosos e crianças, especialmente as que ainda não podem se vacinar.

 

– A nova variante aprendeu a escapar do esquema vacinal?

 

As vacinas continuam sendo a forma mais efetiva que temos de combater a evolução da covid-19, e elas continuam sendo eficazes na redução das formas graves e mortes. Mas temos que lembrar que a vacina é um pacto coletivo, e todos precisam fazer seu papel. Todos os brasileiros acima de 12 anos de idade já devem tomar a 3ª dose, e uma parte significativa já pode tomar a 4ª dose. Duas doses foram suficientes para controlar a doença causada pela cepa original e pelas primeiras variantes, que circularam até 2021 mas isso não vale para o mundo que vivemos hoje.

 

Para a ômicron, a 3ª e 4ª doses são essenciais. A variante que está circulando atualmente é uma descendente da ômicron, e elas podem escapar do esquema vacinal básico de duas doses. A vacina vai continuar protegendo contra casos graves e internações, mas para isso é importante que as pessoas tomem as doses de reforço, são elas que dão o empurrão para aumentar a produção de anticorpos.

 

As crianças menores, entre 3 e 4 anos, já podem tomar a Coronavac. Entre 5 e 11 anos, elas devem tomar a Pfizer. Para a faixa-etária mais nova, temos a Pfizer baby, que em breve será liberada para crianças sem comorbidades. Temos que conscientizar a população, explicar que é falsa a informação de que a covid em crianças sempre é leve. Quando observamos o número de mortes por covid em crianças com menos de 5 anos, a covid foi a doença infecciosa com vacina que matou mais aqui no Brasil – 20% das mortes entre esse grupo aconteceram em crianças com menos de um ano. Precisamos agir, e de forma rápida.

 

– Sobre férias: quando as crianças precisam usar máscara? Nas viagens, transporte, shopping, festas?

 

Qualquer ambiente fechado. Transporte público, por exemplo, é um ambiente de altíssimo risco, você fica por um período longo e é muito fácil de se infectar. A partir dos dois anos as crianças toleram as máscaras, então precisamos ensiná-las e reacostumar a população. Os adultos também devem voltar a usar máscaras de forma imediata, e se possível uma N-95, que tem menor escape. Costumo falar que a melhor máscara é aquela que você consegue

usar, então se não for possível de forma alguma usar a N-95, use uma máscara cirúrgica. O que não se recomenda mais é o uso de máscaras de pano, que possuem um poder de proteção muito baixo.

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