Qualidade e Segurança
Existe uma equipe inteira do Sabará que trabalha só para manter a qualidade e segurança do hospital. Desde evitar que as crianças tropecem e caiam nos corredores, por exemplo, até garantir que todos os pacientes tomem a medicação correta, na dose e horário estabelecidos – tudo o que está ligado à segurança é responsabilidade deste setor.
Claro que essas preocupações estão na cabeça de todos os profissionais de saúde do hospital o tempo inteiro: a enfermeira, o médico, a nutricionista, o fisioterapeuta, enfim, todo mundo trabalha para manter a qualidade do Sabará e, na prática, são as ações deles que farão um hospital mais ou menos seguro. Mas quem está nos bastidores identificando as falhas e enviando para análise dos setores, acompanhando os planos de ação para que elas não aconteçam novamente e colocando tudo em números, protocolos, planilhas e formulários é a equipe de Qualidade Assistencial, formada por um médico, três enfermeiras e um assistente administrativo.
Prevenção
Como os hospitais são ambientes muito complexos, estão sujeitos a eventos indesejados. E, para minimizar ao máximo a chance de eles acontecerem, esta equipe trabalha com o que chama de gerenciamento de risco. Primeiro, de maneira preventiva, faz um mapeamento dos perigos existentes, estabelece a gravidade deles e propõe medidas para evitar que levem a danos.
O Dr. Francisco Ivanildo de Oliveira Junior, gerente de Qualidade Assistencial, explica que existe uma matriz de risco, onde se multiplica a gravidade e a probabilidade de um evento acontecer, chegando-se a um número. Dessa maneira, todos os riscos são classificados numa escala. Aquele que tiver mais probabilidade de acontecer e maior gravidade será prioritário.
Se alguma falha já ocorreu, trabalha-se de maneira reativa, ou seja, a equipe de Qualidade entra em ação, em conjunto com a área ou setor onde ocorreu, para analisar o que aconteceu, por que aconteceu e trabalhar para impedir que aconteça novamente. Independentemente de a falha ter atingido ou não o paciente, é fundamental fazer essa análise. Existem os eventos sem dano, de dano leve, moderado e grave. Há uma tendência de não se valorizar aquilo que não provocou um dano real. Mas esses casos também são importantes justamente para evitar que numa próxima vez o prejuízo de fato aconteça.
Notificação
Para trabalhar dessa maneira, a equipe de Qualidade e Segurança precisa ser notificada do que se passa no hospital. O melhor caminho para os pacientes e familiares avisarem sobre alguma falha é entrando em contato com o SAC (tel.: (11) 3155-2800). A equipe de Qualidade analisa diariamente as reclamações. No caso de um “evento adverso” – como são chamadas as condições inesperadas que não fazem parte da evolução natural da doença e que atinjam alguém ou que tenham um risco de atingir –, ele será avaliado e será criado um plano de ação.
O plano de ação é feito seguindo um modelo chamado 5w2h, que significa responder às seguintes perguntas:
- what (o que será feito);
- why (por que será feito);
- where (onde será feito);
- when (quando será feito);
- who (quem será o responsável);
- how (como será feito);
- how much (quanto vai custar).
Com todas essas respostas, o plano pode ser colocado em prática. Vamos dar como exemplo um evento adverso em que uma criança caiu nas dependências do Hospital. Primeiro, a equipe irá analisar se existe algum fator de risco que está fazendo com que as crianças caiam. Nesse caso, o plano pode envolver a mudança do piso para uma opção antiderrapante, que faça com que as crianças escorreguem menos. A mudança pode ser feita inicialmente na área da brinquedoteca, começando no mês seguinte. E, assim por diante, as respostas são preenchidas.
O Dr. Francisco ressalta que mesmo um evento adverso que nunca aconteceu antes pode vir a acontecer. Todos os profissionais de saúde devem estar muito atentos para evitá-lo. Para ter uma cultura de segurança implantada, é importante criar e reforçar a consciência dos profissionais de saúde em relação aos perigos, além de criar barreiras.
Na prática
As barreiras mais fortes normalmente estão ligadas a controles eletrônicos, a coisas automatizadas. Uma delas é a bomba de infusão (máquina que serve para administrar medicação na veia do paciente). Hoje o Hospital trabalha com bombas de infusão inteligentes, em que é possível estabelecer controles dependendo do medicamento administrado. Dá para programar doses máximas e mínimas, com o objetivo de reduzir a probabilidade de algum tipo de erro de médicos ou enfermeiros.
Prescrição
O mesmo raciocínio serve para a prescrição eletrônica. Sabe-se que uma das principais causas de erro de medicação está relacionada à caligrafia, a erros de interpretação do que foi escrito ou a rasuras. O Hospital trabalha com 100% das prescrições eletrônicas. Além disso, há recursos de segurança como: se aquele remédio é para ser administrado pela veia, o sistema não permite prescrever por via oral. Faz um cálculo automático para avaliar se a dose prescrita está adequada para o peso do paciente.
Alta vigilância
Hoje, nas prescrições, já existe um alerta para medicamentos de alta vigilância, que são os principais medicamentos relacionados a eventos adversos referentes à medicação. Normalmente eles têm alta toxicidade, o que significa que pequenas variações de dose podem provocar uma alteração muito grande de efeito, ou merecem atenção porque têm nomes ou aparência física muito parecidos, com grande risco de confusão. No sistema, os remédios de alta vigilância aparecem com um alerta e uma observação. Por exemplo: “a dose inadequada pode provocar sangramento”.
Checklist
Outra ação para evitar falhas é o checklist de segurança cirúrgico. Recomendado pela Organização Mundial da Saúde, é usado em três momentos: o primeiro é antes da anestesia, o segundo é logo antes de começar a cirurgia e o terceiro é antes de o paciente sair da sala. Ele inclui, entre outras coisas, a identificação da equipe, do paciente e o local da cirurgia. No Sabará, a mãe ou um responsável está junto na primeira fase, para ajudar nas confirmações.
Planejamento de cuidados
Mais um procedimento muito importante para a área de Qualidade e Segurança do Hospital é o formulário de planejamento de cuidados do paciente, que serve para que a equipe de cuidadores tenha um planejamento único. Todo mundo tem que saber o que o paciente tem, como está sendo tratado e o que está previsto para ele.
Protocolos
Na área de Qualidade, há uma enfermeira que cuida dos protocolos, que são modelos estabelecidos para tratamento de determinadas doenças. Essa enfermeira acompanha os pacientes que têm aqueles diagnósticos para garantir que o que foi definido como a melhor forma de tratar a doença realmente esteja sendo seguido.
Auditorias
Para verificar se todos os processos, formulários, checklists, planos e protocolos estão sendo feitos da maneira correta, existem as auditorias internas. Há um grupo de auditores internos, coordenados pela equipe de Qualidade, que é responsável por isso. Essa inspeção é feita ou por observação ou por checagem do que está registrado.
As auditorias são chamadas de “tracers”, ou rastreadores – é um conceito em que o que é identificado é corrigido imediatamente. O processo de tracer tem a função de auditar, mas também tem a função de educar.
Tracer é um conceito da Joint Commission International, organização que faz a acreditação das melhores organizações de saúde do mundo. O Sabará Hospital Infantil é acreditado desde 2013. Depois da acreditação inicial, a JCI continua a trabalhar com as organizações para ajudá-las a manter o selo de qualidade e permanecer atualizadas, melhorando continuamente seus serviços de saúde.
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH)
O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar é uma área separada da Qualidade e Segurança, porém ambas estão sob o gerenciamento do Dr. Francisco. Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS), também chamada de infecção hospitalar, é um dos eventos adversos mais frequentemente associados ao cuidado prestado, sendo uma questão fundamental de segurança do paciente. Por isso, quando se fala em promoção de segurança do paciente, não se pode esquecer das ações que visam reduzir o risco de infecção.
Há legislação, manuais de associações de profissionais e órgãos nacionais e internacionais que norteiam as boas práticas, baseados em evidências científicas, visando a prevenção e o controle das infecções. O Ministério da Saúde exige que todos os hospitais mantenham um programa de controle de infecção hospitalar, destinado a reduzir ao mínimo a incidência e a gravidade das infecções. Nesse programa é necessário uma comissão multiprofissional. No Sabará, a CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) tem mais de 20 membros, entre médicos e enfermeiros, além de profissionais de áreas como Nutrição, Fisioterapia e Limpeza. Esse grupo se reúne mensalmente para estabelecer recomendações, que são colocadas em prática pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. Veja o que o Hospital faz para prevenir infecções hospitalares.
Uma ação fundamental do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar é a promoção da higienização das mãos, a medida mais importante para prevenção das infecções. O paciente e seus familiares são orientados sobre a importância desse ato e são estimulados a perguntar para os profissionais ou lembrá-los de higienizarem as mãos durante o seu cuidado.
As áreas de atuação envolvem todos os setores do Hospital, dos cuidados com a esterilização de material utilizado no centro cirúrgico, as técnicas empregadas para realização de procedimentos como curativos e colocação de cateteres, lavagem das mamadeiras e preparação das dietas, passando pelas reformas no edifício até os produtos de limpeza usados e o gerenciamento do lixo.
A responsabilidade pelo controle de infecção não é apenas do SCIH, mas também da equipe assistencial. Se há um número mais elevado de infecção dentro de determinada unidade porque as pessoas não estão lavando as mãos adequadamente, por exemplo, é a equipe daquela unidade a responsável por garantir a prática, seguindo as normas definidas pelo SCIH.
Saiba mais sobre as funções do SCIH e da CCIH.