Faringites e Amigdalites - Hospital Sabará
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Faringites e Amigdalites

Faringites e Amigdalites (tonsilites e faringoamigdalites)

Processos inflamatórios da faringe, hipofaringe, úvula e tonsilas faríngeas (adenoide) e palatinas (tonsilas) são causas frequentes de procura por assistência médica na faixa etária pediátrica. Tem como agentes mais prevalentes:

  • viral (75% a 90%): predominam nos dois primeiros anos de idade;
  • bacteriana (10% a 25%): predominam nos escolares e adolescentes.

Faringites:

  • Agudas: febre, rinorreia, obstrução nasal e roncos que desaparecem com a resolução do processo.
  • Recorrentes: 4 ou mais episódios de faringite aguda em 6 meses.
  • Crônica: rinorreia constante, halitose, secreção em orofaringe e congestão crônica. Comum a associação com otite média secretora.

Amigdalites:

  • Agudas: febre de intensidade variável, dor de garganta, disfagia, adenomegalia cervical com hiperemia de amígdalas e exsudatos. Pode ser acompanhada de queda do estado geral.
  • Recorrentes: 7 episódios em 1 ano; 5 episódios em 2 anos consecutivos.
  • Crônica: dor de garganta crônica, halitose, cálculos tonsilíticos, edema peritonsilítico e adenopatia cervical.

O diagnóstico e o tratamento correto das faringotonsilites, em especial as causadas pelo estreptococo do grupo A, são importantes na prevenção das sequelas não-supurativas.

  • Teste rápido (consiste na reação de um antígeno estreptocócico com anticorpos específicos). Apresenta especificidade de 95% e sensibilidade de 80% a 90%, se comparada à cultura de orofaringe. Resultados falso-negativos podem ocorrer devido à coleta inadequada do material.
  • Cultura de orofaringe (padrão-ouro), mas há demora na obtenção do resultado (de 24h a 48h).

Complicações das amigdalites e faringites

  • Não-supurativas: febre reumática, glomerulonefrite aguda, escarlatina e choque tóxico estreptocócico.
  • Supurativas: abscessos peritonsilíticos, parafaríngeos e retrofaríngeos que necessitem de drenagem da coleção.

Tratamentos para amigdalites e faringites

Clínico

  • Viral: somente suporte com analgésicos.
  • Bacteriana: embora a maioria das infecções seja autolimitada, mesmo na ausência de terapêutica antibiótica, o tratamento visa a erradicação do agente, encurtar o curso da doença, prevenir as sequelas supurativas e não-supurativas e diminuir o número de pessoas transmissoras. Os antibióticos.

Cirúrgico

  • Indicação absoluta nos casos de obstrução respiratória e/ou digestiva e relativa, nos casos recorrentes e nos abscessos.

Formas clínicas especiais
Mononucleose infecciosa

  • Etiologia: vírus de Epstein-Barr tem tropismo por linfócitos B e pelas células epiteliais da faringe e das glândulas salivares.
  • Incidência: maior nos adolescentes e adultos jovens.
  • Quadro clínico: tríade de febre prolongada, angina (pode ser eritematosa, eritematoexsudativa ou pseudomembranosa) e poliadenopatia. Podem ocorrer sinais sistêmicos como hepatomegalia (10%), esplenomegalia (50%) e rash cutâneo na vigência de penicilina.
  • Diagnóstico: quadro clínico, somado ao hemograma com linfocitose atípica, discreto aumento das transaminases e sorologia positiva (Reação de Paul-Bunnel-Davidson).
  • Tratamento: analgésicos e anti-inflamatórios.

Difteria

  • Etiologia: Corynebacterium diphtheriae
  • Incidência: praticamente erradicada. Acomete crianças do primeiro ao sétimo ano.
  • Quadro clínico: início insidioso, com aparecimento de pseudomembranas branco-acinzentadas sobre as amígdalas, terço superior dos pilares anteriores até a úvula. Nos casos graves, podem ocupar todo o trato aerodigestório alto, impedindo a eliminação de secreções e resultando em obstrução de vias aéreas superiores. Pode estar associado a poliadenopatia cervical, febre moderada, hipotensão, palidez, adinamia, paralisia do véu palatino, diplopia e arritmia cardíaca devido ao tropismo da toxina diftérica pelo miocárdio e sistema nervoso.
  • Diagnóstico: bacterioscópico direto e cultura do exsudato faríngeo.
  • Tratamento: soro antidiftérico e erradicação do foco com penicilina e eritromicina.

Angina de Plaut-Vincent

  • Etiologia: causado pela simbiose entre dois saprófitas normais da cavidade bucal, que adquirem poder patogênico quando associados: Fusobacterium plaut-vincenti e Spirochaeta dentium.
  • Incidência: adultos jovens e adolescentes com péssimos hábitos de higiene bucal e má conservação dentária.
  • Quadro clínico: odinofagia unilateral, ausência de febre e queda do estado geral. Ulceração de tonsilas, recobertas por pseudomembrana e exsudato de odor fétido.
  • Tratamento: penicilina parenteral ou metronidazol e higiene bucal e dentária.

Autor: Dra. Vivian Zanao
Fonte: Baseado no texto da autora no Manual de Urgências e Emergências em Pediatria
Hospital Infantil Sabará – Ed. Sarvier



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