Higiene e Imunidade
Alguns pais não suportam observar suas crianças brincando na areia, descalças, levando objetos que caíram no chão à boca, enfim, temem que a sujeira possa gerar uma série de doenças. Pesquisas, porém, colocam em xeque esses temores.
Segundo a pediatra e imunologista Fátima Rodrigues Fernandes, do Hospital Infantil Sabará, o contato com alguns microorganismos é importante, porque ensina o sistema imunológico, ainda em fase de desenvolvimento, a funcionar corretamente. “É dessa forma que o organismo cria anticorpos e melhora sua resistência para quando tiver de enfrentar uma infecção mais complexa. Além disso, o organismo tem capacidade para lidar com germes, bactérias e microorganismos presentes no meio ambiente. Não devemos subestimá-lo”, esclarece a especialista.
Apresentada pelo médico inglês David Strachan em 1989, a Teoria da Higiene também sugere a hipótese de que crianças que vivem em ambientes extremamente limpos e estéreis são mais propensas a desenvolver algumas doenças, como alergias, por exemplo.
De acordo com a pediatra do Hospital Infantil Sabará, no momento do nascimento, o bebê conta, principalmente, com os anticorpos que recebeu de sua mãe durante a gestação. “Com o passar dos meses, ele, progressivamente, perde esses anticorpos e, por volta do nono mês de vida, já não pode contar com essa proteção”, detalha.
Por outro lado, progressivamente, o bebê começa a ter contato com diferentes agentes infecciosos presentes no meio ambiente e passa a formar seus próprios anticorpos. Os pais devem saber que, nesse período, as crianças podem desenvolver infecções recorrentes, principalmente as viroses que comprometem o sistema respiratório. Mas, com o amadurecimento das diversas funções do sistema imunológico, essas infecções ficam menos frequentes.
Mas será que existe uma forma de fortalecer a imunidade das crianças? Além do leite materno, uma alimentação saudável é essencial para prover as necessidades de ferro, vitaminas e oligoelementos necessários ao bom funcionamento do sistema imunológico. As vacinas também propiciam imunidade para diversos agentes infecciosos sem os riscos da doença e devem ser administradas nas idades recomendadas.
Por outro lado, o desenvolvimento natural e progressivo do sistema imunológico faz com que, paulatinamente, as crianças fiquem mais resistentes às infecções. O importante, segundo os pediatras, é criar condições para que esse desenvolvimento aconteça. Por isso, as crianças devem ter contato com a natureza desde que aprendam a importância de se lavar as mãos após essas atividades, antes de comer, após usarem o banheiro, quando chegarem em casa.